A Paróquia
A importância civil de Angeja começa nos alvores da nacionalidade. Já no século XIII se conhecia o senhorio da terra: pertencia a D. Aldonsa. Todavia, como era frequente na Idade Média, a importância eclesiástica não coincidia com a civil.
Parece ter sido criada freguesia só em 1660. Inicialmente pertencia a Fermelã. Por escritura de 30 de Maio de 1468, nas notas de Pêro Afonso, tabelião da Vila de Aveiro, João de Albuquerque, fidalgo do conselho de D. Afonso V, rei de Portugal (pai da Princesa Santa Joana), e sua esposa D. Helena, fizeram doação do seu padroado da igreja de Fermelã à prioreza e demais religiosas do Convento de Jesus de Aveiro, doação aceite e confirmada pelo Bispo de Coimbra, D. João Galvão, por auto de 16 de Agosto de 1476.
Nessa época, Fermelã compunha-se de três lugares: Fermelã, Angeja e Canelas. Estes últimos tinham cada um a sua ermida. A de Angeja era, ao que parece, dedicada a Santa Ana. Há sinais disso no local da actual Matriz. Desmembrando-se, então, por alturas de 1660, como Canelas, Angeja ficou na dependência do Reitor de Fermelã, pelo que o seu Cura era apresentado pelo mesmo Reitor.
A autonomia total da paróquia terá acontecido em 1834. Mas temos conhecimento, por apontamento manuscrito do próprio, que o primeiro Pároco a ser nomeado em plena autonomia terá sido o Padre João André Estrela, de Aveiro. Entrou em Angeja em 18 de Janeiro de 1849, vindo a falecer em 1878.
Foi este pároco que, em 1853, com autorização de Bula de Gregório XVI, mudou a festividade e feira, que se fazia no dia 5 de Agosto, a N.ª Sr.ª das Neves, para o domingo seguinte. A reacção inicial do povo foi grande. Mas posteriormente, o reconhecimento das vantagens da mudança foi geral.
Com a restauração da Diocese de Aveiro, a freguesia de Angeja passou a integrar o Arciprestado de Albergaria-a-Velha, que corresponde, neste caso, ao concelho do mesmo nome.
Vida da Paróquia
Não sendo muitos os recursos humanos nem económicos, todavia procura responder-se a uma pastoral para os nossos dias. São relevantes as actividades de formação cristã, especialmente pela Catequese e Escutismo Católico, bem como Grupo de Jovens, preparações para Baptismo e Matrimónio.
As celebrações litúrgicas são animadas por um “corpo de resistentes”. Mas podemos dizer que há alguma qualidade nas Celebrações.
O cuidado com os mais pobres, com os doentes, com os idosos, exprime-se pelo trabalho de um pequeno grupo Caritas, de alguns visitadores de doentes e ministros extraordinários da Comunhão. Relevância significativa tem o Centro Social Paroquial, a tratar em item separado.
A Eucaristia tem lugar na igreja Matriz, algumas vezes durante a semana, e ao domingo, às oito e às onze. O lugar do Fontão, com igreja recente, tem Eucaristia e Celebração da Palavra, alternadamente, ao sábado à noite.
Um dedicado grupo zela a administração paroquial. Conduziu as obras de recuperação e transformação da capela do Espírito Santo, hoje com alguma oferta de espaços para actividades; e serve também, actualmente, de Capela mortuária. O Conselho Económico conduziu ainda a ampla restauração da igreja Matriz, iniciou a recuperação da Casa Paroquial, promoveu a pavimentação do Adro da Igreja, com o apoio da Câmara Municipal e Junta de Freguesia. Tarefas realizadas por diversas “gerações” de servidores da Comunidade, a serem continuadas e alargadas a outros imóveis.
As Irmandades de Nossa Senhora das Neves e do Santíssimo estão, na prática, desactivadas. A primeira ainda aparece, de quando em vez, nos funerais. Por isso mesmo, a Festa da Padroeira recai, com frequência, sob a responsabilidade do mesmo Conselho Económico.
Refira-se ainda que, embora em novos moldes, continua a fazer-se a Visita Pascal – por grupos de Leigos, delegados da Comunidade. Do mesmo modo, o Cortejo das Pastorinhas, com o tradicional Auto dos Reis Magos nas ruas e na praça, continua a animar o primeiro dia de cada ano.
Desde Setembro de 2003 que a Paróquia de Angeja integra uma Unidade Pastoral (de Albergaria), juntamente com as Paróquias de Albergaria, Alquerubim, Frossos e São João de Loure.
O Orago
Celebra-se, ordinariamente com certo brilho e com a afluência de muita gente – angejenses em férias e muitos visitantes – a Festa da Padroeira, Nossa Senhora das Neves, a 5 de Agosto ou no domingo que se lhe segue. Além da Eucaristia solene, a Procissão é um momento de fé e devoção, acompanhada por multidão.
É um templo de largas dimensões, com três naves, divididas por duas arcadas de cinco vãos cada uma. É dedicada a Nossa Senhora das Neves.
É sucedânea da Capela de Santa Ana e foi edificada no início do séc. XVII: iniciada em 1613, demorou cerca de vinte anos a construir. Foi reedificada ainda nos fins do séc. XVII e sofreu obras de vulto no séc. XIX e, ao menos por duas vezes, no séc. XX.
A dita Capela de Santa Ana situava-se no espaço hoje ocupado pelos altares da Senhora das Neves e do Senhor dos Passos. Nas recentes obras (iniciadas em 1997), descobriu-se o velho pavimento em granito (o altar da Senhora das Neves era o único que estava assente sobre um pavimento) e, por trás do retábulo, uma pintura popular na parede do fundo – oculta – representando o casamento de Santa Ana e São Joaquim.
As colunas e arcos da igreja, em granito, são simples mas elegantes. O coro alto, antes da última intervenção, apoiava-se sobre arcos frontais de traçado abatido. Agora, para realçar a sua elegância, estão livres. Também os altares são enquadrados por arcos de pedra, de recorte sóbrio, com excepção dos dois dos “ombros”, que têm duas ordens de pilastras e são de frontão curvo, mas interrompido.
A talha dourada dos retábulos é da época do barroco de D. Pedro II (séc. XVII-XVIII), com excepção do da Senhora da Conceição, que é do início do barroco. Nesse, os pedestais das colunas ostentam baixos-relevos de tipo corrente.
A Senhora do Rosário é a imagem mais antiga que existe no interior do templo. Um grande Cristo crucificado ocupava o altar de S. Miguel, sobre o baixo-relevo das Almas. Será o que temos hoje sobre o Sacrário?… No exterior, ao alto da fachada, havia uma imagem da Senhora do Leite, de calcário, e de oficina coimbrã, do séc. XV. Está recolhida no templo; uma réplica ocupa o seu lugar no nicho da fachada. Esta, tal como a torre, é majestosa e elevada.
Do espólio da igreja Matriz sobressai uma Custódia, em prata dourada, com a altura de 88 cm, doada por Agostinho Joaquim Nunes, em 1785. É uma peça de elevada categoria. O contraste é do Porto e as iniciais do fabricante parecem ser AG. Encontrou-se cópia de escritura da sua doação. É relevante também um cálice de prata dourada e cinzelada, com emblemas da Paixão, da segunda metade do séc. XVIII, com o contraste protuense e as iniciais MG.
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